Quem acompanha o mercado de pedras preciosas há algum tempo já sabe: tudo muda. Mas em 2025, algumas mudanças não são só modismo. São sinais de um novo momento. Escrevo isso com os dois pés no chão e os olhos voltados para o que realmente está acontecendo — e olha que venho acompanhando esse setor há algumas décadas.
Vamos direto ao ponto. O que está acontecendo com diamantes, rubis, safiras e esmeraldas? Onde estão as oportunidades? O que está ganhando valor de verdade? Aqui vão alguns caminhos que você precisa olhar com atenção:
Diamantes: o mercado se dividiu

Tem os diamantes naturais, que seguem firmes no setor de luxo. São os preferidos para noivados, datas marcantes, joias de família. Em 2025, continuam valorizados — e não à toa. A escassez de novas minas e os custos pra extrair aumentam, e isso puxa o preço pra cima. Se é grande, limpo e raro, é caro. E vai continuar assim. Ainda, em 2025, espera-se que as receitas totais dos diamantes naturais atinjam cerca de US$ 68,26 bilhões. O que é um número bem significativo.
Além disso, tem também os diamantes de laboratório. Muita gente torcia o nariz. Hoje, já é outra conversa. Por até 90% menos que o preço de um natural, você leva pra casa um DCL com brilho, beleza e ainda com pegada ética. Não tem mina, não tem conflito, não tem impacto ambiental pesado. É outra proposta. E quem quer uma joia bonita, mas acessível, tá indo nessa direção.
Mercado global de Diamantes
Quando falamos de diamantes, estamos lidando com um mercado de escala monumental — cerca de US$ 103,9 bilhões estimados em 2025, com uma taxa de crescimento mais tímida, entre 2,8% e 4,5% ao ano. Apesar da solidez no setor, especialmente em joias, é notável a pressão recente sobre os preços: desde 2022, os diamantes naturais perderam cerca de 26% de seu valor, enquanto os sintéticos despencaram até 74% desde 2020. Ainda assim, o mercado de joias com diamantes segue em expansão, devendo saltar de US$ 389,5 bilhões em 2025 para US$ 605,7 bilhões em 2035. A coexistência entre naturais e sintéticos, com públicos e propósitos diferentes, tem moldado uma dinâmica de consumo mais plural — e também mais exigente em relação a transparência e ética na extração.
Rubis: a cor que fala mais alto

Se tem uma pedra que continua encantando, é o rubi. E quando ele vem com aquela cor intensa — o famoso “sangue de pombo” — aí é sucesso garantido. Em 2025, rubis naturais sem tratamento são os mais cobiçados. Difíceis de achar, ainda mais em tamanhos maiores. Por isso, o valor tá lá no alto.
Rubis sintéticos também cresceram. A tecnologia avançou, a lapidação melhorou e o resultado são gemas bonitas, bem feitas e com menos impacto ambiental. Mas quem entende do assunto sabe: nada se compara a um bom rubi natural com cor viva e transparência.
Mercado global de Rubis
No caso dos rubis, o que chama atenção é o crescimento acelerado, especialmente no segmento sintético. Estima-se que os rubis produzidos em laboratório atinjam US$ 4,78 bilhões em 2025, com uma taxa de crescimento anual de 8,1%. No segmento de joias, os números são ainda mais expressivos: só o mercado de brincos com rubi deve saltar de US$ 3,73 bilhões em 2024 para impressionantes US$ 8,71 bilhões até 2033, num ritmo médio de 9,6% ao ano. Embora dados específicos sobre rubis naturais exijam análises mais refinadas, o avanço dos sintéticos revela um apetite global pela estética vibrante dessa pedra, ainda que nem sempre se trate de peças extraídas da natureza. Esse comportamento reforça o peso simbólico do rubi como joia de destaque e desejo.
Safiras: não é só azul

A safira azul segue como favorita, mas não está sozinha. As coloridas — rosa, amarela, verde e a rara Padparadscha (um rosa alaranjado quase poético) — estão ganhando espaço. Gente querendo joia diferente tem buscado essas variações. A ideia de personalizar, de ter algo só seu, move esse mercado.
Outra coisa: a safira é uma das pedras mais resistentes. Sua dureza é 9 na escala Mohs. Sendo assim, pode usar e abusar no dia a dia sem medo. E com o crescimento da preocupação com a origem, muita gente está exigindo transparência sobre de onde veio a pedra e como ela foi extraída. Safiras rastreáveis e de extração ética estão em alta.
Mercado global de Safiras
Já as safiras apresentam um panorama bastante distinto. Embora tradicionalmente ligadas ao mercado de joias, hoje é o setor industrial que puxa seu crescimento. Usadas como substratos em LEDs, componentes ópticos e semicondutores, as safiras movimentaram cerca de US$ 2,16 bilhões em 2024, com previsão de chegarem a US$ 15,82 bilhões até 2033 — um salto sustentado por uma taxa média de crescimento de 24,8% ao ano. Ainda que os números específicos da joalheria sejam mais modestos, esse cenário industrial eleva o valor agregado da pedra como um todo. Para o consumidor final, isso significa que mesmo uma safira de joia carrega consigo a força de um mercado tecnológico robusto, que valoriza a resistência, a transparência e a versatilidade do coríndon azul.
Esmeraldas: a beleza que vem com cicatriz

A esmeralda é única. Nenhuma é perfeita, e é justamente isso que encanta. As chamadas inclusões — que em outras pedras são vistas como defeitos — nas esmeraldas viraram poesia. São os “jardins” da pedra. Quem conhece, valoriza.
As colombianas seguem como padrão ouro. Cor viva, verde profundo, e aquelas inclusões típicas que atestam a origem. O mercado está cada vez mais atento à procedência e aos tratamentos. Se a pedra foi tratada com óleo ou resina, isso precisa ser informado. E as mais valorizadas continuam sendo as que combinam cor intensa com boa transparência — mesmo com os “jardins”.
Mercado global de Esmeraldas
No universo das pedras preciosas, as esmeraldas seguem firmes como símbolos de sofisticação e investimento. Com um mercado global estimado em US$ 2,66 bilhões em 2025, partindo de US$ 2,5 bilhões em 2024, a taxa de crescimento anual em torno de 6,5% revela não apenas estabilidade, mas também uma valorização constante no gosto do consumidor global. Essa projeção tende a se manter estável, com expectativas de que o setor alcance US$ 3,37 bilhões até 2029, refletindo uma demanda crescente tanto por peças exclusivas quanto por esmeraldas com certificação de origem, especialmente colombianas e zambianas. O interesse renovado por pedras com identidade e rastreabilidade também impulsiona essa curva positiva.
Um mercado que quer mais que beleza
Sustentabilidade, ética, origem, transparência… Tudo isso importa. E importa muito. O consumidor mudou. Não quer só brilho. Quer saber de onde veio, quem trabalhou pra extrair, se a cadeia é justa. E isso tem moldado o jeito que se vende, compra e valoriza uma gema.
Se você está pensando em investir, vender ou simplesmente entender melhor esse universo, saiba: 2025 não é só um ano de tendência. É um ponto de virada.
Fica atento, porque esse mercado brilha — mas não brilha à toa.