Rio Vermelho (MG) — O município mineiro de pouco mais de 12 mil habitantes virou, nas últimas semanas, cenário de uma verdadeira corrida do ouro moderno: o lítio. Pedras contendo esse minério altamente valorizado pela indústria de baterias elétricas foram encontradas em áreas próximas ao município, atraindo aventureiros de toda a região. O lítio atualmente está sendo negociado no mercado internacional de commodities por CNY53.972,99 (Yuan chinês), o equivalente a R$63.500 (valor atualizado até às 3h30 de 23/05/2025) pelo Trading Economics. No entanto, nos arredores ele tem a sua própria cotação, que é estabelecida pelos compradores.
De acordo com informações apuradas pela nossa redação, sacos de 50 quilos dessas pedras estão sendo comprados por cerca de R$ 800 cada em Rio Vermelho, sendo o custo aproximado de uma tonelada de pedras percorrendo o valor de R$16.000, que é especialmente pago por intermediários ligados ao mercado chinês. O frisson é tanto que há relatos de pessoas vindo de cidades dos arredores como Diamantina, Curvelo e até mais distantes, com picaretas e sacos nas costas, em busca da sua ‘pepita branca’.
A presença de compradores estrangeiros — principalmente chineses — foi um dos elementos que mais chamou a atenção das autoridades. Fontes locais afirmam que esses intermediários chegam, avaliam rapidamente as pedras e fecham negócios na hora, pagando em dinheiro vivo. A cidade passa, agora, por um momento de holofotes inesperados, enquanto tenta manter a situação controlada. Uma coisa é certa: estão comprando barato, um lítio de pureza inigualável.

Lítio é comparado a Cascalho
O lítio, esse minério valioso, é encontrado associado a pegmatitos — um tipo de rocha rica em minerais — que são comuns na região, e muitas vezes é confundido com “cascalho”. Dessa vez, o cascalho virou ouro: a procura intensa gerou, inclusive, preocupação com possíveis danos ambientais e conflitos de terra, mobilizando a Polícia Federal, que já realizou algumas detenções ligadas à extração e comercialização ilegal dessas pedras. Até o momento, as autoridades locais não publicaram nada sobre o feito.
Um detalhe que chama atenção e confere um tom tragicômico à situação é a participação de políticos locais. Segundo moradores, até um vereador de Rio Vermelho foi visto catando pedras e ajudando conhecidos a carregar sacos pesados montanha abaixo. “Aqui virou todo mundo garimpeiro de lítio. Quem não tá pegando pedra tá vendendo”, comentou um comerciante local, que preferiu não se identificar.
Essa movimentação frenética trouxe um misto de esperança e preocupação para a população. Por um lado, a possibilidade de ganhos rápidos — 02 sacos de pedra podendo render mais do que o salário mínimo — atrai trabalhadores informais e pequenos agricultores. Por outro, especialistas alertam para os riscos ambientais e sociais, como contaminação de solos, exploração desordenada e violência, bebidas e prostituição, que costumam estar ligadas ao arquétipo do mineiro.

A prefeitura de Rio Vermelho ainda não se pronunciou oficialmente sobre a situação, mas nossa reportagem confirmou que possivelmente há uma reunião agendada entre órgãos ambientais e de segurança para conter a exploração predatória. Enquanto isso, o fluxo de pessoas e veículos de todos os tipos segue intenso nas estradas de terra da região, formando um cenário digno dos antigos garimpos do século XIX, só que agora impulsionado pela demanda da nova era de carros elétricos e baterias super potentes.
Por outro lado, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal parecem acompanhar de perto o desenrolar dos fatos. Detenções já ocorreram na cidade, mas o clima de “farra do lítio” ainda paira sobre Rio Vermelho.
Em grupos de WhatsApp da região, circularam vídeos de caminhonetes carregadas de sacos de pedras e até piadas sobre a cidade virar a nova “Serra Pelada do Lítio”. “É muita pedra, e o povo tá doido!”, brincou um garimpeiro, enquanto mostrava o conteúdo do seu saco para a câmera. Eles parecem não acreditar que aquelas pedras valem tanto dinheiro. E pode valer mais ainda, do que o que sabemos.
Para quem busca entender ou acompanhar mais sobre o fenômeno, basta procurar na internet por “lítio Rio Vermelho”, “corrida do lítio MG” ou “garimpo lítio Minas Gerais” — a nova febre mineral que promete mudar para sempre a história desse pacato município mineiro.
A nossa redação seguirá acompanhando os desdobramentos dessa corrida que mistura brasilidade, ambição e um recurso estratégico para o futuro do planeta.