Falar que o Brasil é rico em ouro parece até repetição. Todo mundo já ouviu isso em aula de história, nos noticiários ou nas rodas de conversa sobre “riquezas do país”. Mas, na prática, pouca gente sabe onde esse ouro tá de verdade, quem é que explora, e o que isso significa — na vida real, no chão, com impacto e tudo.

A questão não é se o Brasil tem ouro. Tem. A pergunta que realmente importa hoje é: quem tá tirando, de onde e a que custo?

Onde estão os bolsões de ouro do Brasil?

Se você colocasse um mapa do país na parede e jogasse pinos nos lugares com maior concentração de ouro, o Norte e o Sudeste iam estar cravejados. Alguns pontos chamam atenção:

📍 Paracatu (MG)

  • Aqui tem uma das maiores minas de ouro a céu aberto em operação no mundo.
  • A Kinross, uma mineradora canadense, toca a lavra.
  • A cidade gira em torno da mina. Literalmente. Quem conhece, sabe.
Paracatu, Minas Gerais - Brasil, é a maior mina de ouro do país e uma das maiores do mundo." (Imagem cortesia de Kinross Gold para mining.com) 
Paracatu, Minas Gerais – Brasil, é a maior mina de ouro do país e uma das maiores do mundo.” (Imagem cortesia de Kinross Gold para mining.com) 

📍 Tapajós (PA)

  • Ouro não falta, mas a legalidade nem sempre acompanha.
  • Garimpos manuais e mecanizados, muitos sem licença, outros com.
  • A região vive uma mistura constante de tensão, riqueza e abandono.
Mina Tocantinzinho na região minerária de Tapajós, uma das 03 maiores minas de ouro do Brasil. Foto: G-Mining
Mina Tocantinzinho na região minerária de Tapajós, uma das 03 maiores minas de ouro do Brasil. Foto: G-Mining

📍 Jacobina (BA)

  • Um projeto mais estruturado, operado por empresa com tecnologia moderna.
  • A extração é subterrânea, num sistema que funciona com estabilidade.
  • Aqui, o ouro ainda tem fôlego por décadas.
Mina de Jacobina, BA - mina subterrânea e uma com a maior reserva de ouro do país. Foto: PanAmerican Silver
Mina de Jacobina, BA – mina subterrânea e uma com a maior reserva de ouro do país. Foto: PanAmerican Silver

📍 Carajás (PA)

  • Conhecida pelo ferro, mas tem ouro no pacote também.
  • O subsolo ali é generoso. E o aproveitamento é técnico, puxado por grandes grupos.
Mina de Carajás no Pará, uma das maiores minas a céu aberto do Brasil - Divulgação
Mina de Carajás no Pará, uma das maiores minas a céu aberto do Brasil – Divulgação

E como esse ouro sai da terra?

Depende de quem tá tirando.

Se for uma mineradora grande, a coisa segue o roteiro: estudo geológico, lavra, beneficiamento com cianeto, refino e venda. Tudo controlado — pelo menos no papel.

Agora, se for garimpo… a realidade muda. Tem o garimpeiro que tenta fazer certo, com permissão e cooperativa. Mas também há situações em que o processo ainda ocorre de forma precária, com uso de métodos rudimentares e impacto ambiental significativo.

E é bom dizer: a maioria do ouro ilegal não parece ilegal quando chega no mercado. Tem nota fria, atravessador, refinaria que finge não ver. O buraco é mais embaixo.

Mas ainda tem tanto ouro assim no Brasil?

Tem. E muito.

Só que boa parte tá em regiões onde a exploração levanta problema: Amazônia, áreas indígenas, beiras de rio.
Ou seja, o conflito entre o que é riqueza e o que é destruição tá sempre na mesa.

E mesmo em áreas exploradas há décadas — como Minas Gerais — ainda existem reservas ativas. O Quadrilátero Ferrífero, por exemplo, é uma dessas regiões que parecem não esgotar nunca.

Maiores reservas de ouro do Brasil avançam para uma extração mais sustentável, desafio é conter o garimpo ilegal. Foto: Portal do Minério
Maiores reservas de ouro do Brasil avançam para uma extração mais sustentável, desafio é conter o garimpo ilegal. Foto: Portal do Minério

Qual o desafio hoje?

A mineração legalizada é cara, burocrática e cheia de obrigação. A ilegal, por outro lado, é rápida, lucrativa e invisível — até dar problema.

Enquanto isso, tem muita gente falando em “modernizar o garimpo”, mas na prática não muda nada. A exploração continua, o mercúrio segue sendo usado, e os rios continuam pagando a conta.

E o que a gente faz com isso?

Olha, o ouro vai continuar sendo tirado do chão. Isso é fato.
A pergunta é: vai ser feito com controle, fiscalização, benefício pra quem mora nas áreas afetadas?
Ou vai continuar no modelo “cada um por si”, onde uns enriquecem e outros ficam com o passivo? O que você acha do tema?

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