Bamako, Mali – Em uma medida decisiva para mitigar riscos crescentes e controlar a atividade, o governo do Mali anunciou a suspensão da mineração artesanal de ouro em todo o território nacional. A paralisação terá início em 15 de junho e se estenderá até 30 de setembro deste ano. A notícia foi comunicada oficialmente – pelo Ministério de Minas – na última sexta-feira, 7 de junho.
Mali no cenário global do ouro
Presente na África Ocidental, o Mali é um país reconhecido como um dos maiores produtores de ouro do continente africano. Todo ano, milhares de toneladas do metal são extraídas de suas reservas. A extração se dá tanto por operações industriais de grande porte quanto por uma (crescente) rede de atividade artesanal. Essa riqueza mineral, no entanto, tem sido acompanhada de complexos desafios sociais, econômicos e de segurança.
A realidade da mineração artesanal
Grande parte da população malinesa tira do garimpo (mineração artesanal) a fonte de renda da família. Diferente das operações de mineração industrial, que empregam maquinário pesado e tecnologia avançada, na mineração artesanal, se destaca o uso de ferramentas básicas como pás, picaretas e bacias.

O que está por trás da suspensão?
O estopim para a decisão do governo de Bamako, de suspender o garimpo, não surgiu à toa. Nas regiões das minas vem acontecendo uma série de acidentes. O mais grave, aconteceu no último mês: um desabamento em uma mina de ouro artesanal na região de Kangaba, no sudoeste do Mali, deixou mais de 70 pessoas mortas. Uma tragédia que, por si só, já seria um alerta.
Mas não é só isso. Essa fatalidade se soma a outros acidentes e a uma crescente instabilidade que assola diversas regiões do país. É um cenário complicado, frequentemente ligado à atuação de grupos jihadistas e criminosos, que têm exercido forte pressão sobre as autoridades para que alguma medida fosse tomada.
Diante disso, o Ministério de Minas justificou a suspensão como uma ação absolutamente necessária. O foco principal é garantir a segurança dos mineradores, combater a exploração ilegal de recursos e, claro, restabelecer a ordem em áreas que se tornaram vulneráveis. O esperado é que, durante essa paralisação, o governo se dedique a estudar e, então, a implementar medidas de segurança mais eficazes para os garimpeiros locais.
Ainda que crucial para a proteção da vida e para o controle territorial, essa suspensão acarreta, inegavelmente, um impacto econômico imediato e significativo para as milhares de famílias que dependem diretamente dessa atividade para seu sustento.